O adestramento e o treino canino são fundamentais para garantir uma comunicação clara entre os donos/tutores, uma estrutura de regras e rotinas ideais para cada cão, assim como uma Obediência Social fiável para que o cão possa ter uma convivência social feliz e harmoniosa com toda a sociedade na qual está inserida, desde membros do seio familiar (comunidade na qual está inserido) ao resto dos objectos, condições atmosféricas e seres vivos com que se cruza no mundo. Adestrar e treinar um cão não é apenas ensinar comandos básicos, é um processo que envolve tempo, dedicação, paciência, persistência, consistência, e bastante conhecimento e compreensão sobre o comportamento animal. Pode ainda envolver, para além de montar uma obediência, o diagnóstico e tratamento de patologias comportamentais (Terapia Comportamental), ou apenas a modificação comportamental de comportamentos indesejados.
Neste artigo iremos abordar os principais aspetos que deve ter em consideração para começar a adestrar ou treinar o seu cão de forma correcta e justa, e ter a maior probabilidade possível de ter sucesso.
Por que é Importante Adestrar/Treinar o seu Cão?
Adestrar e/ou treinar um cão não é uma questão de luxo, mas sim uma quesão de necessidade. Através do adestramento e do treino, o dono/tutor aprende todas as necessidades físicas e mentais específicas do seu cão, e aprende a estimular o corpo e a mente do seu cão da forma correcta. O dono/tutor aprende a comunicar com o seu cão da forma correcta, aprende a montar uma obediência para aquele cão específico, aprende como recompensar e corrigir o seu cão específico, aprende a socializar o seu cão e a ajudá-lo a ultrapassar as suas dificuldades e obstáculos, e será responsabilizado pela vida que tem à sua dependência. Desta forma o dono/tutor aprenderá a ser um líder equilibrado, para que possa tornar o seu cão num cão equilibrado, seguro, obediente, educado e feliz.
Sem recorrer a um profissional para adestrar e/ou treinar o seu cão, a probabilidade é que nunca seja possível satisfazer as necessidades do cão, nem aprender a comunicar com o mesmo da forma correcta e eficaz, e muito menos ter um cão educado, obediente, seguro, equilibrado ou mesmo feliz, por mais que se tentem convencer a si próprios disso. O cão aprenderá comandos e comportamentos simples e complexos, alguns dependentes de comando/ordem, e outros que se tornarão no molde comportamental do cão no dia a dia. Com o adestramento e treino, saber comunicar, recompensar ou corrigir o cão, regras e rotinas de casa e de gasto de energia física e mental correctas, podemos ainda prevenir o aparecimento de Patologias Comportamentais caninas (doenças do foro mental canino). Na maior parte dos casos os clientes chegam a nós já com anos de má gestão, de más regras e de vícios que tornaram o cão mais doce e quilibrado do mundo num cão super ansioso, ou super medroso, ou agressivo, ou hiperactivo, ou provocaram uma data de outras patologias que podem existir separadas ou em conjunto. Se as pessoas começarem a adestrar e treinar os cães mal estes chegam às suas famílias, poderíamos prevenir o aparecimento destas patologias, em vez de as tratarmos de forma mais difícil e demorada devido aos anos de regras e rotinas erradas.
Como escolher o profissional certo para me ajudar?
Uma das coisas mais importantes para começar o adestramento e o treino do seu cão é sem dúvida procurar um bom profissional. Para que isto seja possível deve ter na sua posse algumas informações que o ajudem a discernir o que é um bom profissional, o que é um mau profissional, o que é um incompetente, o que é um fanático, o que é um burlão. Para isto vamos abordar vários métodos de ensino e outros tópicos para que possam discernir como contactar um bom profissional na vossa zona de residência.
Métodos de adestramento/treino
Existem vários métodos de adestramento, cada um com características e filosofias próprias.
Método Clássico (também chamado método negativo)
Este método antigo baseia-se em ensinar o cão através da obrigação física (usando exclusivamente o contacto físico, a pressão espacial, pressão na trela, entre outros), da correcção de comportamentos indesejados e de recompensar o cão apenas com a ausência de castigo. É um método antigo e ultrapassado e errado de se aplicar a todo e qualquer cão só porque sim. É verdade que é uma forma de trabalho que produz alguma funcionalidade no comportamento do cão de forma rápida, mas na maior parte dos casos não é funcional de todo. Na maior parte dos casos este método transforma um cão equilibrado num cão medroso e inseguro e que obedece ás coisas de forma tosca e por medo da correcção. Um cão que já seja mais sensível à partida, irá neste método provavelmente tornar-se ainda mais medroso e sensível, e devido à falta de sensibilidade de muitos destes treinadores provavelmente podem ainda traumatizar o cão.
Dentro daquilo que é o método clássico existem outros métodos que se inserem cá dentro. Por exemplo o método “Koehler” que decidi mencionar por haverem vários “profissionais” (não passam de amadores sem nenhum conhecimento real na nossa opinião) em Portugal que trabalham com este método. O método Koehler inventado há mais de 50 anos não poderia ser mais atrasado ou retrógrado do que é, ignorando uma data de conhecimentos, evoluções e estudos ciêntificos reais que comprovam haverem melhores formas de se educar o cão e moldar o seu comportamento. É um tipo de método que no primeiro treino do cão, tenha o cão 5 kg e seja pequenino, ou seja grande com 70 kg, seja um cão corajoso ou medroso, no primeiro treino pomos uma estranguladora no cão e uma trela de 3 ou 5 metros. Se o cão não se foca em nós corremos na direcção oposta para dar um esticão ao cão para ele aprender a focar-se em nós (com medo de ser corrigido). O método inteiro consiste neste tipo de “técnicas” e não se baseia num conhecimento realmente evoluído. Sempre que vos falarem em método Koehler ou em método clássico de adestramento, podem e devem voltar as costas e procurar outro profissional. Embora nós não sejamos contra ferramentas de trabalho (estranguladoras, colar de bicos, coleiras eletrónicas, etc..) nem sejamos contra as correcções, trabalhar à base única das correcções só é necessário em casos muito específicos de emergência com cães muito possantes, agressivos ou violentos. Infelizmente estes métodos são aplicados “chapa 5” para todos os cães pela maior parte dos profissionais que trabalham à base destes métodos.
Método Científico (100% Positivo)
O método chamado científico ou 100% positivo é o outro lado da moeda fundamentalista. É uma narrativa utópica, uma cegueira ideológica e provavelmente tem raíz numa agenda política e/ou económica (que não irei discutir neste artigo). Neste método de ensino acredita-se e é lei que só se pode usar 1 ou 2 dos quadrantes do Condicionamento Operante, neste caso o uso exclusivo do Reforço Positivo (consiste em recompensar o cão sempre que faz algo desejado) ou do mesmo em conjunto com o Castigo Negativo (ausência de recompensa, ou seja, ignorar o cão).
Este método tem o problema contrário da moeda. Quando aplicado “chapa 5” a todo e qualquer cão, podemos transformar um cão equilibrado num cão com uma patologia comportamental de agressividade (há 7 tipos diferentes sem contarmos com as anómalas) por o cão só saber ser recompensado e ter ganho demasiados direitos e nenhuma regra, limite ou dever. Se for um cão à partida com carácter e temperamento mais forte, é quase certo que irá desenvolver patologias comportamentais de agressividade. Todo e qualquer treinador que vos diga que é do 100% positivo e produz resultados, na nossa opinião ou é um burlão, ou é incompetente, ou é mentiroso e não usa o 100% positivo. Com o uso do 100% positivo é impossível criar fiabilidade na obediência de qualquer cão, podendo ter resultados muito bons em cães extremamente fracos de caráter e de temperamento ou em cães com patologias comportamentais de Medo ou Fobia. No entento, mesmo estes cães mais fracos ou com patologias de Medo ou Fobia dever ser sujeitos a correcções (nem que seja uma correcção verbal curta, ou um pequeno toque na trela, ou um isolamento), para que sejam sujeitos a pequenos momentos de stress e possam ultrapassar esse momento ganhando uma pinga de caráter. Ao contrário do que as pessoas pensam privar um cão de correcções (aplicadas da forma correcta para cada cão) priva o cão da sua confiança máxima, da fiabilidade na sua obediência, do tratamento de algumas patologias, e mesmo de estabelecer uma estrutura clara de regras e rotinas com direitos e deveres, com permissões, mas também com limites na vida do cão. Há muitos comportamentos que não podem ser corrigidos só por ignorar o cão e há inclusivé comportamentos que podem inadvertidamente ser recompensados por ignorarmos o cão. Para além disto quem ensina o 100% positivo habitualmente tenta redirecionar o cão quando está a fazer alguma coisa errada para fazer alguma coisa mais positiva e recompensam o cão quando faz o mais positivo. O problema é que têm uma falta enorme de conhecimento de como montar um comportamento complexo num cão e esquecem-se que nós podemos recompensar sequências de acontecimentos ou de comportamentos, e por esta razão, recompensamos também aquilo que o cão estava a fazer de errado, o que irá aumentar a frequência daquele comportamento indesejado.
Por esta razão, quem vos prometer resultados no 100% positivo desconfiem e virem as costas.
Embora existam alguns supostos “estudos ciêntificos” que defendem este método, na verdade não passam de má ciência, não passam de estudos que partem de uma conclusão e fazem tudo para a justificar, não usam correcções da forma correcta, fazem medições incoerentes e imprecisas e falta-lhes bastante rigor científico e inclusivé metodológico para testar realmente as correcções aplicadas da forma correcta, inclusivé os próprios cientistas que desenvolvem estes estudos dizem que não os conseguem reproduzir num cenário real (com distrações, outros animais ou objectos à volta) sem terem um método de dissuasão de comportamentos indesejados.
Método Balanceado
O método balanceado é a verdadeira forma correcta de trabalhar com qualquer cão. São usados os 4 quadrantes do Condicionamento Operante, ou seja, o Reforço Positivo, o Reforço Negativo, o Castigo Positivo e o Castigo Negativo. Só com o uso destes 4 quadrantes é que é possível recompensar da forma correcta os comportamentos desejados para que estes aumentem em frequência até se tornarem os comportamentos de eleição, enquanto ao mesmo tempo se corrige qualquer comportamento indesejado da forma correcta para que estes diminuam em frequência até se extinguirem. Infelizmente existem também maus profissionais neste método, que não se sabem adaptar ou não têm as competências técnicas para aplicar o Condicionamento Operante de forma justa e correta. Por isso devem estar atentos às etapas do trabalho. Este método baseia-se na constante leitura e adaptação ao cão específico com que estamos a trabalhar e respeitando as 3 fases do adestramento. Começando por fazer um trabalho muito próximo do 100% positivo até o cão amar e adorar trabalhar com o dono. E numa fase intermédia introduzem-se as correcções adaptadas a cada cão, adaptadas ao seu caráter, ao seu temperamento, às suas qualidades intrínsecas, aos seus instintos, à sua raça, ao seu tamanho, à sua idade, à sua função, etc. Desta forma colocamos a segunda camada na obediência (a obrigação). Assim, fazemos o cão trabalhar com gosto, mas o mesmo aprende também a obrigação de cumprir. Só assim é possivel ter uma Obediência Social fiável, na qual o cão obedece em qualquer contexto social independentemente da distração, localização ou condição atmosférica, só assim é possível tratar e prevenir algumas patologias comportamentais, só assim é possível adestrar e treinar um cão em Obediência Avançada. Só através da aplicação deste método da forma correcta é que é possível ter um cão equilibrado, confiante, seguro, educado, obediente, feliz, e trazendo ao de cima o potencial máximo de cada cão. A maior parte dos estudos ciêntificos (verdadeiros estudos imparciais) suportam este método de treino e ensino, só é preciso investigar, ler, e treinar cães no dia a dia e adquirir experiência de forma empírica ao invés de se defenderem teorias apenas em papel. Mesmo encontrando um profissional que use o método balanceado, ter atenção se ele está a ser justo e a respeitar os timings de evolução do cão. Numa fase final do adestramento faz-se ainda a transição e/ou o desmame da recompensa usada em treino para que o cão trabalhe apenas para a voz do dono/tutor/condutor sem necessitar da presença física da sua recompensa. O grande problema é que quase nenhum treinador tem competências para fazer esta fase de transição e/ou de desmame. Daí mesmo treinadores que começaram aqui acabam por trabalhar com métodos como o Koehler, ao invés de procurarem melhorar as suas competências e adquirir novas.
Técnicas de Adestramento/Treino
Agora que já chegámos à conclusão do método indicado para treinar qualquer cão, vamos falar por alto de algumas técnicas de treino para que vos possa ajudar a discernir um bom profissional, ou caso tenham selecionado um “profissional” inadequado possam aperceber-se durante o processo de treino.
Luring
A técnica de Luring consiste resumidamente em ensinar o cão guiando o mesmo às posições desejadas através da nossa mão. Tendo um motivador (recompensa) na mão, seja esta comida ou um brinquedo, guiar o cão a sentar, ou a deitar, ou a olhar para nós, ou a vir até nós, ou a andar ao nosso lado, entre outros, e recompensando quando o cão faz o que pretendemos com o tal motivador (Reforço Positivo). É extremamente eficiente e a melhor forma de começar este processo é sem dúvida com comida na maior parte dos casos.
Modelagem
A Modelagem é resumidamente uma técnica de guiar o cão à posição desejada com uma pequena ajuda de um toque físico, por exemplo pressionar ligeiramente o final das costas do cão para ajudar a sentar, quando o cão senta recompensamos pela acção desejada (Reforço Positivo). É uma técnica também usada nos outros métodos, mas quando usada em conjunto com o Luring conseguimos fazer um trabalho muito mais avançado e elegante.
NePoPó
O NePoPó é uma técnica de treino canino extremamente avançada cujo objectivo principal é trabalhar a obrigação de execução do cão e a velocidade de execução do cão. NePoPó é um acrónimo para Negativo, Positivo, Positivo. É literalmente a descrição da técnica. Resumidamente, introduzimos um estímulo desconfortável no cão (por exemplo uma estimulação na coleira elétronica de baixo grau, como uma comichão), ou seja, o Negativo. De seguida pedimos um comando ao cão. Mal o cão executar será recompensado duas vezes de seguida, a primeira pelo alívio do estímulo desconfortável (Reforço Negativo), que deve ser retirado no primeiro instante após o cão executar, e o segundo positivo será o Reforço Positivo dado logo de seguida recompensando o cão com o seu motivador favorito, geralmente comida ou brinquedo.
NOTA
Todas as técnicas de adestramento mencionadas em cima estão extremamente resumidas e precisam de bastante conhecimento para serem aplicadas da melhor forma possível, e por isso devem ser ensinadas e supervisioniadas por um bom profissional.
Existem mais técnicas que estas, mas estas são 3 das mais importantes e revolucionárias no que toca a ensinar o cão.
Material/Ferramentas de Trabalho
O Material e as ferramentas de trabalho podem variar desde clicker ou voz, à coleira de tecido, ao peitoral, à coleira estranguladora, ao colar de bicos, à coleira eletrônica, à trela curta, à trela longa, ao bastão de treino telescópico, ao churro, à bola, ao brinquedo, à cunha de mordida, entre inúmeros outros. O material escolhido pelo treinador, seja ele qual for, pode ser bem ou mal usado. Por esta razão não olhem para o facto de aquele profissional usar ou não usar aquela ferramente específica, foquem-se no facto de o treinador ser ou não ser justo com o cão. Introduziu colar de bicos ou coleira estranguladora na primeira aula? Só se for uma emergência (por exemplo o cão tem 70 kg e já atirou os donos todos ao chão que já partiram um joelho e uma clavícula, ou um cão agressivo que ataca e arrasta os donos). Só trabalha com comida, nunca corrige? Só se for um cão medroso. Começa com comida e ao fim de uma semana não está a funcionar e desiste logo do método? Falta de conhecimento e de estratégias. Ou seja, não julguem o profissional pelas ferramentas que usa. Procurem os resultados desse treinador. Procurem os resultados dos seus clientes (ver os resultados, não só ler testemunhos).
Peçam para ver o cão dele treinado. Não tem o cão treinado? O cão dele faz tudo com a cauda para baixo e com ar infeliz? O cão trabalha com a cauda no ar e feliz? O melhor atestado de competência que existe é o próprio cão. Pelo que foquem-se em ver os resultados da sua metodologia ao vivo e a cores ao invés de julgarem as suas ferramentas e técnicas.
Erros Comuns no Adestramento/Treino
No adestramento/treino canino existem vários erros comuns que prejudicam a evolução do cão e que comprometem o resultado final do trabalho. Embora não seja possível mencionar todos, irei mencionar alguns.
Falta de Consistência
A falta de paciência, persistência e consistência é das maiores razões para um trabalho incompleto, inconsistente e/ou defeciente. Donos/tutores que não aplicam em casa as regras e rotinas dadas pelo treinador, que não fazem os treinos diáriamente, que não fazem a estimulação física e mental da forma correcta, ou que fazem dia sim, dia não, por norma demoram muito mais tempo a atingir os resultados e quando os atingem ficam aquém do que poderiam ser. Pode haver casos nos quais os objetivos sejam impossíveis de atingir sem a dedicação total dos donos/tutores.
Treinar Apenas em casa ou numa só localização
Um dos maiores erros dos donos/tutores e mesmo de vários treinadores é o facto de os cães só treinarem em casa ou só treinarem no campo de treino do treinador. Acabam o treino e dão o trabalho como terminado saltando várias etapas da fase 2 do treino, a introdução de distrações, localizações e dificuldades. Por esta razão o cão não transpõe as competências adquiridas em casa e/ou no campo de treino para o dia a dia real.
Usar a correcções em Excesso
O uso de correcções em excesso, especialmente em cães de caráter mais fraco, ou na fase 1 do adestramento podem criar um conflito no cão com o dono/tutor, com o treinador, ou mesmo com o exercício ou com o treino em si. Por esta razão, uma vez mais, selecionem o treinador com que vão trabalhar, e caso tentem uma abordagem a solo (não recomendo) tentem ser pacientes, não fazer correcções se não as souberem fazer, e muito menos ficarem frustrados ao ponto de se tornarem emocionais nas vossas correcções.
Treinar Durante Muito Tempo
O foco máximo do cão geralmente é de 3 a 10 minutos. As sessões iniciais de treino nunca devem superar os 5 a 10 minutos. Este erro pode prejudicar a aprendizagem do cão e pode ainda tornar o treino enfadonho para o cão. A longo prazo sim, há cães que ganham um gosto excepcional pelo trabalho (especialmente cães de linhagens de trabalho) e que podem fazer sessões de treino bem maiores.
O treinador é mágico
Um dos erros mais comuns é o facto de o dono/tutor ou mesmo um treinador inexperiente tentarem obter resultados demasiado rápidos e ultrapassar etapas rápido de mais ou avançar para a próxima etapa só por ter um pouco de sucesso na etapa anterior. Cimentar as bases, fazer inumeras repetições (tal como um aluno a aprender uma arte marcial a repetir os mesmos movimentos centenas ou mesmo milhares de vezes), e evoluir a pouco e pouco no degrau de dificuldade, introduzir comandos com calma, introduzir correcções com calma, aumentar a exigência com calma, obviamente feito da forma correcta, com os métodos e as ferramentas correctas e adaptadas a cada cão, é a receita para o sucesso. Por isso para quem acha que o treinador vai estalar os dedos, benzer o cão ou ordená-lo cavaleiro e ele passa a saber tudo do dia para a noite está totalmente enganado. Seja o dono/tutor a treinar sózinho, seja o dono a treinar sob a supervisão de um treinador ou seja o treinador a fazer o trabalho com o cão em sistema de internato ou de externato, o processo para ser bem feito e chegar a algum tipo de fiabilidade é demorado. E as pessoas têm de perceber isso. Um bom treinador explica logo isso na sua primeira aula ou mesmo na aula de avaliação. Qualquer treinador que vos prometa uma data limite para os resultados, ou trabalha 100% à base das correcções, ou é mentiroso e burlão, ou incompetente e ignorante, isto na nossa opinião. Qualquer treinador sincero, honesto e com competências reais vais responder-vos à pergunta “quanto tempo demora” com um “não sei”, e provavelmente explicará os porquês. Por isso sigam quem vos disser que o caminho será árduo, e que precisam de se dedicar ao cão diáriamente. O resto é conversa.
Conclusão
Para fazerem uma boa escolha não devem ter medo de fazer perguntas. Perguntem tudo. Que metodologia de ensino usa? Quantas fase de adestramento temos de passar? (São 3).
Posso ver o seu cão? Usa Luring? Usa Modelagem? Usa comida? Usa correcções? Como discerne que correcções a usar com cada cão? Adapta-se ao cão específico? É igual para todos os cães? Onde vamos treinar? Só em casa? Em várias localizações? Distracções? Condições atmosféricas? Quanto tempo vai demorar?
Em suma, devemos selecionar um treinador balanceado com resultados comprovados, que tenha cães de clientes com tratamentos de patologias bem sucedidos, com obediências sociais fiáveis, cujo próprio cão esteja bem treinado e execute os exercícios e comandos em qualquer situação com gosto e foco.